A coluna vertebral constitui o eixo central do corpo dos animais vertebrados, sendo o sistema que permite aos humanos serem bípedes. É formada por um conjunto de ossos, denominados vertebras que se organizam em quatro regiões diferentes:
- cervical (pescoço), com sete vértebras;
- torácica (tronco), com doze vértebras;
- lombar (região da cintura), com cinco vértebras;
- sacro (região do quadril), com cinco vértebras fundidas;
- cóccix (ponta final da coluna) tem de quatro a cinco vértebras, também fundidas. O sacro é a base da coluna vertebral que se articula também com a bacia.
Manter a saúde da coluna ao longo da vida nem sempre é tarefa fácil e são muitas as alterações (funcionais, anatómicas, lesivas, …) que ocorrem e que danificam temporária ou permanentemente a coluna, condicionando o seu normal funcionamento como, por exemplo, a estenose do canal vertebral, a cifose, a lombalgia, a cervicalgia, a espondilose, a ciática, etc…
A estenose do canal vertebral na região lombar, provoca a compressão e consequente inflamação do nervo ciático e atinge cerca de 15% da população mundial. O diagnóstico desta patologia nem sempre é fácil, já que os seus sintomas são semelhantes aos de outras perturbações da mesma região da coluna, nomeadamente a hérnia discal, a artrose discal e a síndrome do piriforme.
O nervo ciático (ou nervo isquiático) é o maior nervo do corpo humano (liga o hálux à região lombar), sendo o responsável pela mobilidade articular da anca, dos joelhos, dos tornozelos, dos músculos posteriores das coxas e dos músculos das pernas. A inflamação do nervo ciático deve-se, por norma, à compressão nervosa na região lombar, habitualmente resultante de uma hérnia discal, que ocorre normalmente entre as vértebras L5 e S1, e dá origem ao que se conhece por “dor ciática”. Devido ao seu comprimento ao longo dos membros inferiores, a dor pode manifestar-se em vários locais, sendo mais comum surgir na região glútea posterior, no dedo grande do pé (hálux) e na face lateral da coxa e da perna.
A “ciática” caracteriza-se por uma dor que irradia para a região das nádegas e da face posterior da coxa podendo chegar até ao pé. A sua intensidade varia entre um pequeno desconforto e uma dor muito intensa que limita os movimentos e inibe as atividades normais do quotidiano, podendo ser aguda (quando surge associada a um movimento) ou crónica. Por norma, esta dor é mais intensa de manhã e vai diminuindo à medida que o corpo aquece e se movimenta.
O diagnóstico da “dor ciática” deve ser sempre efetuado por um médico ortopedista que prescreverá a terapia mais adequada a cada caso. O tratamento é quase sempre conservador e visa controlar a dor e recuperar a qualidade e funcionalidade da mobilidade articular da região afetada. Normalmente recomenda-se o repouso, a aplicação de frio (nunca aplicar gelo na coluna), o uso de compressas quentes, a toma de analgésicos e a Fisioterapia.
São vários os exercícios recomendados para o alívio da sintomatologia associada à inflamação do nervo ciático, nomeadamente os exercícios aeróbicos leves (como a caminhada ou a natação) e a prática regular de posturas (adaptadas) de Yoga.
Como é que o Yoga pode ajudar?
Determinadas posturas (asanas) de Yoga fortalecem a musculatura da região abdominal e lombar – que suporta e protege as articulações da coluna vertebral – melhoram a mobilidade articular e aumentam o espaço existente entre as vertebras, reduzindo a compressão e consequente inflamação/dor do nervo ciático.
Apesar da “dor ciática” ser bastante intensa e, em muitos casos, limitativa, uma prática regular e devidamente construída de Yoga, pode melhorar significativamente a funcionalidade e a qualidade de vida, porque além de promover uma maior mobilidade articular da região afetada, aumenta a consciência corporal, fazendo com que os “pacientes” se tornem parte ativa do tratamento. De salientar que, apesar da prática de determinadas posturas promover a rápida redução da dor e alívio da sintomatologia, os resultados duradouros e eficazes não podem ser alcançados num curto espaço de tempo, sendo necessários, no mínimo, cerca de 6 a 12 meses de prática adaptada. O sucesso do tratamento depende da persistência e da regularidade do praticante, da sua idade e estilo de vida, da causa e extensão da inflamação, e da frequência e intensidade das crises.
Para o tratamento e alivio da “dor ciática”, a prática de Yoga deve ter por base movimentos suaves de fortalecimento muscular, exercícios controlados de abertura pélvica, torções passivas e alongamento muscular adaptados casuisticamente e considerando as características individuais e anatómicas de cada praticante.
Bibliografia:
- Diagnosis and treatment of sciatica. B W Koes, M W van Tulder, W C Peul, BMJ. 2007
- Effectiveness of Iyengar Yoga in treating spinal (back and neck) pain: A Systemac Review. Edith Meszaros Crow, Emilien Jeannot, Alison Trewhela- Int J Yoga. 2015
- Sciatica: What the rheumatologist needs to know. Nature Reviews Rheumatology 6(3):139-45. February 2010
- Burden of major musculoskeletal conditions. Anthony D. Woolf & Bruce Pfleger. WHO Report. 2010