A Química do nosso Corpo:

Yoga Reduz Inflamações e Fortalece o Seu Sistema Imunitário

As inflamações são sinais de alarme para o corpo. Acne, alergias, sinusite, artrite, e mesmo uma gripe comum, são exemplos de processos inflamatórios que nos são familiares. Na luta contra os perigosos invasores, sejam bactérias ou vírus, o corpo produz glóbulos brancos e actua o sistema imunitário.

No caso de uma ferida, a inflamação provoca irritação, calor, inchaço, vermelhidão e/ou dor, mas o processo inflamatório é também a tentativa do corpo se livrar do incómodo e do perigo, isto é, uma forma de iniciar a cura. Em doenças como artrites, em que não há um invasor a expulsar, a inflamação provoca mais danos que cura, uma vez que causa degeneração dos tecidos e origina cansaço, dor, e sono de pouca qualidade. Muitas outras doenças que não pensamos serem inflamações, porque não há lesões visíveis, como é o caso da obesidade, das doenças cardíacas, do cancro e mesmo da depressão, foram associadas a inflamações crónicas.

O poder anti-inflamatório do Yoga ajuda a explicar porque é que o yoga tem um efeito positivo em várias doenças, incluindo as que se relacionam com inflamações “invisíveis”. A práticas de posturas de yoga durante 1 hora por semana produz, após somente 6 semanas, um aumento dos níveis de proteínas anti-inflamatórias (apoliproteína (ApoA1) e adiponectina)[1]. A apoliproteína A1 é constituinte do “bom colesterol”, uma proteína lipídica de alta densidade que ajuda na eliminação do colesterol e das gorduras das paredes das artérias, protegendo de doenças cardiovasculares, tem funções anti-inflamatórias e aparentemente tem também um efeito benéfico na proteção da doença de alzheimer. A adiponectina é uma hormona proteica anti-inflamatória, cuja concentração em adultos com excesso de peso e em diabéticos é inferior à dos outros indivíduos, e que tem um papel importante no controlo dos níveis de açúcar no sangue.[2]  

Há ainda um outro grupo de proteínas chamadas genericamente citocinas que podem enviar sinais que iniciam ou param inflamações. Podemos pensar nelas como agentes mensageiros do sistema circulatório. O Yoga diminui as citocinas que causam inflamação (pró-inflamatórias) e aumenta as que param a inflamação (anti-inflamatórias).

O Yoga fortalece o sistema imunitário porque diminui a hormona do stress – o cortisol, e aumenta a produção de proteínas de defesa do corpo.

Como é que o Yoga modifica os vários agentes que têm funções importantes no corpo?

Estudos sobre este tema demonstraram que o Yoga modifica um processo que se chama expressão genética. As nossas células contêm DNA, que pode ser considerado a impressão digital dos nossos genes, e que determina quais são as proteínas e as moléculas de que o corpo precisa. Essas proteínas e, de um modo geral, essas moléculas são produzidos pelas células com base na transcrição de secções específicas do DNA.[3] A expressão genética pode comparar-se ao modo como se regula a intensidade de uma chama num fogão ou do volume numa aparelhagem de som, uma vez que secções determinadas do DNA podem ser ligadas ou desligadas (on/off) para produzir mais ou menos proteínas. Este processo é regulado através de moléculas chamadas factores de transcrição, que se ligam ao DNA e controlam o tráfico do nosso material genético (ou genoma), isto é, que são responsáveis por manter ou eliminar genes específicos. Um dos estudos mais vastos sobre este assunto mostrou que em 200 pessoas que sobreviveram a cancro de mama, os níveis de um factor de transcrição chamado factor nuclear kapa B (NF-kB) baixaram muito, após 3 meses de prática de Yoga.[4] Este factor de transcrição é responsável por accionar partes do genoma que provocam inflamação, o que significa que a acção anti-inflamatória do yoga se faz ao nível molecular, através do controlo genético.[5]

[1] Marian E. Papp, Petra Lindfors, Malin Nygren-Bonnier, Lennart Gullstrand, and Per E. Wändell, “Effects of High-Intensity Hatha Yoga on Cardiovascular Fitness, Adipocytokines, and Apolipoproteins in Healthy Students: A Randomized Controlled Study,” Journal of Alternative and Complementary Medicine 22 (2015): 81–87.

[2] Noriyuki Ouchi and Kenneth Walsh. “Adiponectin as an Anti- inflammatory Factor,” Clinica Chimica Acta 380 (2007): 24–30.

[3] Transcrição do DNA é um termo que significa cópia de partes específicas do DNA (genes).

[4] Janice K. Kiecolt-Glaser, Jeanette M. Bennett, Rebecca Andridge, Juan Peng, Charles L. Shapiro, William B. Malarkey, Charles F. Emery, Rachel Layman, Ewa E. Mrozek, and Ronald Glaser, “Yoga’s Impact on Inflammation, Mood, and Fatigue in Breast Cancer Survivors: A Randomized Controlled Trial,” Journal of Clinical Oncology 32 (2014): 1040–1049.

[5] Perla Kaliman, María Jesús Álvarez-Lópezb, Marta Cosín-Tomásb, Melissa A. Rosenkranzc, Antoine Lutzc, and Richard J. Davidsonc, “Rapid Changes in Histone Deacetylases and Inflammatory Gene Expression in Expert