Sankalpa

“Através de boas obras um homem torna-se bom. Através das equivocadas, ele torna-se mau”

Brihadaranyaka Upanishad

A maior parte das resoluções de Ano Novo têm origem em desejos baseados no ego, nos sentidos e nos condicionamentos. Quase sempre falham porque têm como ponto de partida o sentimento de que nos falta algo e que a nossa felicidade depende da aquisição de qualquer coisa que realize os nossos desejos. 

O yoga oferece-nos uma alternativa a esta visão deturpada da felicidade: a formulação de um sankalpa, que parte da premissa que já somos o que é necessário ser para cumprir o nosso propósito de vida, isto é, o nosso dharma. Para tal, ao contrário de procurar fora de nós, o que é necessário fazer é dirigir a mente para o nosso íntimo e procurar no nosso coração os desejos que verdadeiramente nos realizam. Se em vez de nos deixarmos conduzir pela inconstância  da mente guiarmos a nossa vida pelos valores do coração, deixando de lado os atributos do ego, encontraremos a força necessária e o empenho inteligente que nos permite concretizar projectos.

Sankalpa significa resolução. É uma frase curta que exprime um propósito e deve ser formulada no tempo presente, de forma afirmativa, concisa e clara. Apela a um aspecto positivo da personalidade de cada um, que necessita ser trazido do subconsciente para o consciente.

O sankalpa penetra no subconsciente fortalecendo a estrutura da mente e desperta forças latentes que devem ser usadas para a realização dos nossos objetivos. Assim, definir um sankalpa vai activar qualidades positivas que existem em todos nós, mas que estão bloqueadas no subconsciente. Trazê-las para a consciência dá um rumo válido à nossa existência. 

Para formular um sankalpa é necessário fazer um auto-exame e identificar a nossa principal carência para, a partir daí, evocarmos viva e convictamente o que queremos melhorar.

Embora se faça mentalmente, é com o coração que nos apercebemos do seu significado. Deve manter-se durante um período suficientemente longo para que seja devidamente interiorizado e ganhe expressão na nossa vida (por exemplo, dez a quinze sessões sucessivas de meditação ou de yoganidra) e deve repetir-se pelo menos três vezes ao iniciar e ao finalizar a prática. Deve ser formulado sempre com as mesmas palavras, para que lhe ocorra com facilidade e clareza sempre que pensa nele.

No final do dia, é bom olhar para o que se passou e refletir sobre seus desafios. Cada erro é uma lição, cada conquista um aprofundamento do entendimento.

Exemplos: eu sou calmo/a; eu sou vegetariano/a; eu sou …….