O que é a Fibromialgia?
A fibromialgia é uma doença que se caracteriza por dores crónicas e complexas que podem situar-se em pontos específicos ou migrar e alastrar-se por todo o corpo, variando de intensidade ao longo do tempo.
Afecta 2-8% da população adulta, com especial incidência nas mulheres (ca. 80%), mas pode manifestar-se em pessoas de todas as idades. A tradução literal do termo fibromialgia é “dor nos músculos, ligamentos e tendões”, contudo, a fibromialgia é muito mais do que uma dor e apresenta-se associada a muitos sintomas, que variam de pessoa para pessoa.
O diagnóstico é baseado numa combinação de sintomas relevantes tais como cansaço, sensibilidade ao toque, perturbações de sono, problemas de memória e outros, mas a dificuldade em avaliar os sintomas e a distinguir a doença de outras, como por exemplo lúpus ou artrite reumatoide, levou a que só no final da década de 70 a fibromialgia fosse reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Associados à fibromialgia podem observar-se sintomas como depressão ou ansiedade, dores de cabeça ou enxaquecas, dores pélvicas, bexiga ou intestino irritáveis, doença do refluxo gastroesofágico, etc. O stress agrava os sintomas e também os problemas associados e, embora não se conheçam a ou as causas da doença, sabe-se que é um estado de dor crónica, em que o estímulo nervoso que origina a dor tem origem nos tecidos e, por isso, a dor aumenta com o movimento.
Nos últimos anos foram feitas descobertas importantes sobre dores crónicas, e algumas estão directamente ligadas à fibromialgia. A identificação de pontos dolorosos em regiões anatómicas determinadas, geralmente situados nas junções entre tendões e músculos, onde a aplicação de forças pode causar micro lesões, origina nas pessoas com fibromialgia uma situação que se pode descrever como um estado de amplificação generalizada da dor.
Num artigo intitulado “Fibromialgia: uma revisão clínica” o autor explica que “a fibromialgia pode ser considerada um estado de dor centralizada. Dor centralizada é uma disfunção que tem início na fase de adolescência ou de jovem adulto, que se mantém ao longo da vida e se manifesta através da dor sentida em diversas regiões do corpo, ao longo do tempo. Centralizada refere-se ao sistema nervoso central, onde a dor tem origem, ou é amplificada. Este termo não implica que não haja um estímulo periférico que origine dor (p.e. uma ferida ou uma inflamação numa região do corpo), mas sim que a dor é sentida com mais intensidade do que seria normalmente esperada, com base no estímulo em causa”. Compreender a dor generalizada é importante porque os doentes com fibromialgia não reagem a opióides nem a intervenções destinadas a reduzir a dor.
A ideia de que a fibromialgia é uma doença dos sistemas neuro-endócrino e neurotransmissor, que conduz a uma amplificação da dor devido a um processamento deficiente no sistema nervoso central, é hoje cada vez mais aceite entre cientistas.
A fibromialgia e o Yoga
A intensidade dos sintomas associados à fibromialgia pode variar de ligeiros a muito fortes, sendo uma doença que afecta a vida das pessoas de uma forma muito restrictiva. Para além das dores, que são por vezes insuportáveis, as pessoas com fibromialgia dormem mal e acordam com tal rigidez que lhes é difícil movimentarem-se. Os movimentos repetitivos acentuam a dor e muitas das pessoas que sofrem da doença limitam as suas actividades, aumentando a sua debilidade física e agravando os sintomas da fibromialgia. O estado de fadiga é tão acentuado que as pessoas têm a sensação de que as suas pernas e braços são de cimento e os seus corpos estão vazios de energia.
Embora não tenha cura, o tratamento da doença passa por adoptar estratégias combinadas, que envolvem além do tratamento clínico, a educação dos pacientes, exercícios aeróbicos e terapia comportamental cognitiva, que podem ajudar a diminuir a intensidade e a frequência das dores.
Entre as várias opções complementares do tratamento clínico, o yoga, e em situações agudas a yogaterapia, pode ter um papel muito importante porque harmoniza
- um programa de exercícios suaves que envolvem treino muscular e alongamentos,
- um programa que proporciona suporte mental e emocional, através da utilização de técnicas respiratórias, de relaxamento e meditação,
- uma metodologia para o auto-conhecimento, que ensina a equilibrar e integrar o corpo e a mente e também a fazer frente aos desafios emocionais que acompanham quem lida com um problema crónico, e tem que ajustar o seu modo de vida.
Bibliografia:
- The Science of Fibromyalgia, D. J. Clauw, L. M. Arnold, B. H. McCarberg, Mayo Clin. Proc. 2011, 86(9), 907-911. DOI: 10.4065/mcp.2011.0206
- Understanding Chronic Pain and Fibromyalgia: A Review of Recent Discoveries, by Robert M. Bennett MD, FRCP, Professor of Medicine, Oregon Health Sciences University
Science of FM – National Fibromyalgia & Chronic Pain Association https://www.fmcpaware.org/fibromyalgia/science-of-fm.html (Fevereiro 2018) - Fibromyalgia: Perfect Example of Centralized Pain, by Dan Clauw, MD, Professor of Anesthesiology, Medicine (Rheumatology) and Psychiatry, Director da University of Michigan’s Chronic Pain and Fatigue Research Center
National Fibromyalgia & Chronic Pain Association
https://www.fmcpaware.org/fibromyalgia-perfect-example-of-centralized-pain.html (Fevereiro 2018)
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